Em greve há mais de três meses, os professores da rede pública do estado do Rio de Janeiro decidiram nesta quarta-feira (08), em assembleia, pela continuação da paralisação por ampla maioria, com palavras de ordem “não têm arrego”.

Uma nova assembleia foi marcada para o dia 16 de junho e, após a plenária, eles marcharam da Candelária à Central do Brasil para celebrar o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública.

Os professores reivindicam reposição salarial de 30%, retorno do calendário de pagamento no segundo dia útil do mês para aposentados e ativos, fim do parcelamento de salários, entre outras demandas.

Na reunião de terça-feira (07), entre grevistas e representantes do governo do Rio, o Secretário de Educação, Wagner Victer, informou que não há perspectiva de reajuste salarial e que vai manter o pagamento até o 10º dia útil. Também não está descartado o parcelamento dos salários.

Sobre a reivindicação de 30 horas de jornada para funcionários, há um projeto de lei tramitando na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), mas sua aprovação está condicionada ao fim da greve. O governo também condicionou a convocação dos professores ainda não enquadrados em “uma matrícula, uma escola” ao fim da greve. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), serão respeitados os 200 dias letivos, conforme previsto em lei. Algumas escolas poderão não ter o recesso do período olímpico, em agosto deste ano, e avançar o ano letivo de 2016 em dezembro, janeiro e até fevereiro de 2017.

Desde o início da greve, em 2 de março, os estudantes decidiram apoiar a luta dos profissionais do ensino e chegaram a ocupar mais de 40 escolas no estado.  Apenas duas escolas, que funcionam no mesmo prédio, permanecem ocupadas, segundo a secretaria.

A professora Ludmila Maria Guimarães Clemente, líder do Movimento Gota D’água, que tomou a dianteira da greve no interior, representando o Noroeste, falou exclusivamente ao JBN sobre o cenário atual no nosso município:

“Sem reajuste, estamos prevendo uma greve até o fim do ano. Antes da Olimpíada, não é provável que haja o retorno. Ainda há muitos professores em greve no interior, só no Movimento Gota D’água , somos mais 100 resistentes. Eu ainda participo de mais 3 grupos que possuem mais ou menos a mesma quantidade. Sem contar aqueles profissionais que não participam de grupos. Estamos muito felizes com as conquistas já garantidas, apesar do cansaço, pois a maior vitória do Noroeste foi conseguir trazer o polo da perícia médica do servidor de volta pra Itaperuna. Antes tínhamos que ir ao Rio pra fazer. Nossas delegações foram pessoalmente às assembleias brigar por esta pauta. Considero uma vitória do Gota D’água. O retorno de eleições para diretores também foi um ganho imenso. Esta greve vai ficar na história e eu posso te garantir que ainda é só o começo. Nosso trabalho vai continuar. Até porque, o governo já anunciou que não sabe se terá dinheiro pra nos pagar esta semana ou talvez tenha que pagar em duas vezes. Nós recuperamos as nossas forças que foram anuladas pela dureza dos perversos, achávamos que não valia a pena e que era perda de tempo lutar. Agora é diferente. Está sendo um período de intensa reflexão do cenário político vigente nas 3 esferas, em um debate constante e diário entre intelectuais da região e capital. Estamos formando uma frente de luta com militantes que enxergam a educação como forma de sanar os problemas da nossa sociedade”. – Explica.