Professora lidera projeto para despertar o interesse pela ciência em alunas de escolas públicas e aumentar o número de mulheres na área de exatas
Cativar meninas para a ciência é uma das missões da professora Viviane Japiassú, coordenadora do projeto “Meninas e Mulheres da RR2D: Ciência, Tecnologia e Educação para Redução de Riscos de Desastres e Desigualdades”, da Universidade Veiga de Almeida (UVA), realizado em escolas da rede pública municipal do Rio de Janeiro. O objetivo é formar, desde cedo, o gosto das meninas pelas áreas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), e, assim, aumentar a proporção de mulheres em profissões em que a presença de homens ainda é predominante.
Neste Dia do Professor, Viviane tem muito a comemorar. O projeto, que este ano atende 15 alunas de cinco escolas na Zona Norte, já começa a dar frutos. Um exemplo que a professora destaca é o da aluna Maíra Santos, de 14 anos, que, além de aumentar seu interesse pela disciplina de ciências, passou a estudar mais dentro de casa e ainda conseguiu sua primeira renda ao consertar um computador.
O empenho de Maíra contagiou a mãe, Janaíldes Santos, de 43 anos, que trabalha como diarista e já pensa em voltar à universidade para estudar Psicologia.
De acordo com Viviane, além de despertar o interesse das meninas para a ciência, a atividade de extensão também tem o propósito de impactar as famílias. “Estas alunas levam inspiração e conhecimento para dentro de casa, e as famílias precisam estar apoiando e envolvidas para que elas possam se desenvolver”, relatou.
Viviane é professora de Engenharia Ambiental da UVA e coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica da instituição, que realiza o projeto como atividade de extensão e conta com o apoio da Faperj.
“O projeto foi desenvolvido para prover ferramentas técnico-cientificas de capacitação, além de estimular o reconhecimento das capacidades individuais e despertar o interesse das meninas por profissões em que a participação masculina é predominante”, explicou Viviane.
Embora venha crescendo, o número de mulheres nas engenharias ainda é bem menor do que o de homens. Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea), o percentual de mulheres registradas como engenheiras no Brasil corresponde a 19,6% (208.962 mulheres engenheiras) do total de 1.065.068, no país. No Rio de Janeiro, o cenário é semelhante: o percentual de engenheiras é de pouco mais de 19% (fonte: Link).
O projeto acontece uma vez por semana nas escolas e no campus Tijuca da Veiga de Almeida, com oficinas práticas de eletrônica básica, mapeamento de riscos sociais e ambientais no entorno dos bairros em que as estudantes residem, produção de protótipos em impressora 3D, oficinas de robótica e eletrônica, aulas de criação de produtos audiovisuais e jogos, workshops e rodas de conversa com profissionais dos setores de engenharia e tecnologia, além de debates com especialistas sobre desigualdades e gênero.
A Faperj destinou 23 bolsas integrais para o projeto, contemplando 15 meninas do ensino fundamental, cinco professoras orientadoras de escolas municipais públicas e três alunas inscritas no Programa de Iniciação Científica da UVA. Neste ano participam as escolas municipais Bento Ribeiro e República do Peru, no Méier; Acre, Todos os Santos e Rio Grande do Sul, no Engenho de Dentro; e Thomas Mann, no Cachambi.