Inserções de partido não promoveram igualdade de gênero
Pela segunda vez neste ano, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) no Rio de Janeiro propôs ação contra o diretório fluminense do PMDB por causa do uso de suas inserções em rádio e TV em abril. O partido, já acionado por usar a propaganda partidária apenas para a promoção pessoal do prefeito Eduardo Paes, vai responder agora por descumprir a cota feminina naqueles programas (20% nas eleições de 2016 e de 2018; 10% nas outras). A legislação prevê ainda que as inserções estimulem a igualdade de gênero na política.

A PRE pediu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que condene o PMDB à cassação de um tempo cinco vezes superior ao da propaganda irregular. Se o pedido for acolhido, a pena será aplicada em 2017, pois não há programa partidário em semestre com eleições. A legenda é a terceira a responder pela participação insuficiente de mulheres nas inserções (PPS-RJ e PTC-RJ se tornaram réus antes).

“Como o PMDB possuía 20 minutos de propaganda eleitoral no primeiro semestre de 2016, ele deveria ter dedicado no mínimo 4 minutos no rádio e na televisão para a difusão e incentivo da participação feminina na política, o que, como foi visto, não ocorreu”, afirma o procurador regional eleitoral Sidney Madruga. “O partido que descumprir a cota feminina, sem se restringir a divulgar suas propostas, será condenado com a perda de tempo de TV e rádio no ano seguinte às eleições.”

A iniciativa da PRE partiu da análise rigorosa das inserções partidárias. Na propaganda do PMDB-RJ, buscou-se apenas enaltecer realizações recentes no Rio, como as “Escolas do Amanhã”, citadas pelo prefeito Eduardo Paes com expressões como “que a gente fez”. Uma transcrição do programa foi apresentada pela PRE aos juízes eleitorais para demonstrar que não houve a exposição de ideais, programa e propostas do PMDB nem mensagens de incentivo e divulgação da participação feminina na política, como determina a legislação (Lei 13.165/2015, art. 10).