Atualmente, a Região Noroeste do estado tem quase sessenta produtores orgânicos e a boa notícia é que, em breve, o número de lavouras com esse perfil pode chegar a noventa. Um convênio entre a Fundação Banco do Brasil e a Associação Central dos Produtores de Leite em Pádua (ACEPROL) injetou R$ 200 mil no Sistema Agroflorestal por meio da compra de equipamentos e recursos para consultoria agrícola.
A parceria, conquistada com apoio do Sebrae/RJ na elaboração do projeto que concorreu ao edital, vai beneficiar trinta propriedades rurais, onde serão implantados módulos do Sistema Agroflorestal (SAF), que promove a combinação entre agricultura, pecuária e floresta no mesmo espaço. A modalidade de SAF mais adotada no Noroeste Fluminense é a Horta Floresta, em que legumes, frutas e verduras estão lado a lado com árvores de grande porte. A prática foi introduzida na região depois de oficinas promovidas pela Rede de Agroecologia, articulada pelo Programa Rio Rural, da Secretaria estadual de Agricultura.
“O Rio Rural ajudou a plantar a semente. O resultado foi tão bom que instituições parceiras também entraram para fortalecer a produção orgânica local, um cartão de visitas da sustentabilidade”, enfatiza o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.
Além da ACEPROL, outras três associações locais receberam equipamentos de uso coletivo, como trituradores de galhos e troncos e motosserras. Os sistemas de irrigação e escadas (necessárias para fazer a poda de árvores maiores) são individuais. “Vamos trabalhar juntos para que todos consigam progredir, preservando a natureza e expandindo o mercado na região”, afirma Washington de Oliveira, presidente da Associação de Produtores Orgânicos do Baixo Noroeste Fluminense (APROBAN).
Horta Floresta: tecnologia que transforma a paisagem
O SAF Horta Floresta não só deu certo no Noroeste Fluminense, como é importante para a recuperação da natureza, tendo em vista que a região apresenta o maior índice de degradação ambiental do estado. De acordo com Ana Pegorer, consultora do Programa Rio Rural, o Sistema Agroflorestal é planejado para que os cultivos cresçam em forma de rodízio. Assim, enquanto uma espécie é colhida, outra está em crescimento. O clima ameno criado pela sombra das árvores retém umidade no solo, gerando economia de até 80% na água utilizada na lavoura, além da redução nos gastos com irrigação.
“Os galhos das árvores são triturados e viram adubo. As plantas crescem melhor e com menos irrigação. A paisagem fica bem cuidada. É possível, sim, ter produção diversificada em um local com limitações ambientais”, defende Pegorer.
Futuro promissor
Em um ano, o Noroeste Fluminense ganhou dez SAFs da modalidade Horta Floresta. Agora, com os novos recursos, mais trinta módulos serão implantados.
O crescimento expressivo da produção orgânica requer novas estratégias de comercialização. “Agora, o Programa tem a missão de sensibilizar o mercado consumidor por meio de campanhas de conscientização, bem como trabalhar o aspecto visual dos pontos de venda. É o fechamento do ciclo, desde a produção até o consumidor final”, comenta Sérgio Siciliano, gestor da equipe de disseminação do Rio Rural.
Uma das estratégias a serem adotadas é a venda de cestas de produtos orgânicos, encomendadas ao gosto do consumidor. Washignton Oliveira já está apostando nisso há quase quatro meses. Ele e a esposa fazem entregas semanais de abobrinha, berinjela e hortaliças para os moradores de Miracema. “As pessoas elogiam o sabor, reconhecem o valor dos orgânicos. Certamente, vamos ampliar o cultivo”, afirma Aliny Ferreira, esposa de Oliveira.
A expansão da prática é um dos resultados do trabalho da Rede de Agroecologia. O grupo, coordenado pela Pesagro-Rio, conta com a participação de órgãos públicos e privados, como o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Embrapa, Sebrae-Rio, Cedro (Cooperativa de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento Sustentável), Emater-Rio, UFRJ, além de associações de produtores e secretarias municipais de agricultura.
*Fotos e Informações: Ascom Rio Rural