O café produzido no Noroeste Fluminense, após investimentos em tecnologia e programas de apoio à agricultura familiar, se reinventou e, graças ao seu café gourmet, vem conquistando lugar de destaque na mesa carioca. Junto a outras nove regiões produtoras de seis estados, o Noroeste Fluminense está em exposição em um workshop sobre cafés especiais na Casa Brasil, instalada no Píer Mauá, no Boulevard Olímpico.
Durante a Olimpíada e Paralimpíada Rio 2016, 22 empresas têm espaço garantido para mostrar o tipo de café que produzem, suas características de sabor, além, é claro, de oferecerem degustação da bebida para os visitantes. Na próxima sexta-feira (9), os produtores Márcio Vargas, do município de Varre-Sai, e Suhail Majzoub, de Porciúncula, ambos do Noroeste e beneficiários do Programa Rio Rural, participarão do evento.
“Para nós, é algo único. Não adianta produzirmos café de excelência e não termos como dizer isso ao nosso público. Queremos mostrar ao Brasil e ao mundo porque a nossa região é tão produtiva e sustentável também”, afirma Márcio Vargas.
Os municípios de Varre-Sai, Porciúncula, Bom Jesus do Itabapoana e Natividade concentram as lavouras de café do Noroeste Fluminense, principal região produtora do estado, com 71% do mercado interno. A região é constituída de pequenas propriedades, sendo a agricultura familiar a base da economia local.
Vindos de família tradicional na produção cafeeira, Márcio e o irmão, Sérgio Vargas, comandam uma propriedade de 40 hectares. Os 320 mil pés de café geram uma safra anual de 120 toneladas. Metade da produção é de café especial, distribuído em larga escala para cafeterias de alto padrão.
Em 2009, aproveitando o crescimento do mercado de café gourmet, os irmãos decidiram investir na torrefação própria, processo que interfere no aroma, sabor, corpo, acidez e finalização da bebida. Até então, os grãos eram vendidos para serem beneficiados pelas empresas compradoras. Em 2014, um novo salto de qualidade na produção. Foi quando os irmãos receberam o incentivo do Rio Rural para montar um terreiro de café, área plana de concreto que acelera o tempo de secagem e ajuda na conservação dos grãos.
“O Rio Rural foi fundamental para nós alcançarmos um patamar de qualidade. Os recursos ajudaram a aperfeiçoar a bebida, aumentando nosso preço de venda. Isso sem falar no benefício para o meio ambiente, pois implantamos a proteção de nascentes, garantindo a produção de água para o futuro”, complementa Márcio Vargas.
Suhail Majzoub também adotou a proteção de nascentes de água em sua propriedade. No Programa Rio Rural, os produtores recebem recursos para incrementar suas lavouras e, como contrapartida, adotam práticas ambientais sustentáveis. Com incentivos do Rio Rural, Majzoub comprou uma estufa, usada pela primeira vez este ano. “Durante a colheita, tivemos chuva. A estufa foi fundamental para manter a umidade certa do grão. A bebida gourmet exige um padrão diferenciado”, comemora o produtor.
De acordo com a Cooperativa de Produtores de Café do Noroeste Fluminense (Coopercanol), o café da região é cultivado entre 600 e mil metros de altitude. O mais comum é o café arábica, das variedades Catucai, Catuaí e Mundo Novo. O clima local é favorável para a produção de cafés de qualidade.
De acordo com o secretário estadual de Agricultura do Rio de Janeiro, Christino Áureo, o café fluminense vive uma boa fase. “O fato do Noroeste Fluminense ser destaque em um evento desse porte nos mostra que os investimentos e o planjemento feitos nesse segmento foram acertados. E não é só o recurso, mas, sobretudo, uma injeção de ânimo na autoestima do agricultor familiar”, arremata o secretário.
Visibilidade
O espaço Arte do Café, em exposição na Casa Brasil – local de promoção do Governo Federal no Boulevard Olímpico, é organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês) e conta com a parceria da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Sebrae Nacional.
O evento serve para reforçar a imagem do café como um dos símbolos de identidade nacional, já que o Brasil é o maior produtor mundial dos grãos. Diariamente, o público pode participar de palestras e conhecer as peculiaridades da produção. “Queremos que os brasileiros conheçam o café que é produzido em nosso território, que tenham orgulho da bebida sofisticada que estamos gerando”, comenta Gabriela Ferreira, gerente da BSCA.
*Informações e fotos: Assessoria Rio Rural