Uma carta aberta à população divulgada nesta terça-feira (16), pela  Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf), revelou uma dívida de R$ 20 milhões da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e alertou sobre o grande risco da universidade ser obrigada a suspender suas atividades.

Confira abaixo a carta aberta na íntegra:

“CARTA ABERTA À POPULAÇÃO FLUMINENSE EM DEFESA DA UENF

A Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) completa 23 anos de uma história marcada por numerosos êxitos e conquistas.  Os cursos de graduação da nossa universidade estão entre os melhores do Brasil, nas avaliações feitas pelo Ministério da Educação. Nossos programas de pós-graduação já formaram quase 2.000 mestres e 700 doutores em diferentes áreas do conhecimento. A UENF possui centenas de projetos de extensão, que estão servindo para transformar, com contribuições práticas, problemas reais que a população das regiões Norte e Noroeste Fluminense enfrentam no seu cotidiano.

A UENF está cumprindo o papel atribuído, a partir da demanda da população de Campos dos Goytacazes, materializada por um inovador projeto institucional formulado pelo Professor Darcy Ribeiro e construído pelo então Governador Leonel Brizola. A UENF foi a primeira universidade brasileira a apenas contratar professores que tivessem doutorado para que trabalhassem em regime de Dedicação Exclusiva. Fórmula pioneira, depois seguida por todas as universidades públicas brasileiras.

Entretanto, apesar dessa trajetória de êxitos e de compromissos claros com o desenvolvimento do Rio de Janeiro, e em especial do Norte e Noroeste Fluminense, a existência da UENF hoje se encontra gravemente ameaçada.  Transcorridos os primeiros sete meses de 2016, o governo do Rio de Janeiro não enviou os recursos aprovados pela Assembleia Legislativa para o presente ano. Em função disso, as dívidas acumuladas beiram, neste momento, o valor de R$ 20 milhões. Há vários meses, não se honram as contas de energia elétrica, água, insumos gerais, terceirizados de limpeza e segurança.  Criou-se uma situação de calote generalizado, que coloca em risco tudo o que foi construído com muito trabalho e dedicação pela comunidade universitária da UENF com apoio da população de nossa região.

A alegação utilizada para não enviar os recursos que a UENF precisa para não fechar as portas é uma propalada crise financeira, que teria sido causada pela diminuição dos repasses dos royalties e participações especais oriundos da exploração do petróleo. Porém, como demonstrou o Tribunal de Contas do Estado, existem outras causas. Apenas entre 2008 e 2013, as administrações lideradas por Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão concederam R$ 138 bilhões em isenções fiscais para a iniciativa privada, sob o argumento de criar emprego no Rio de Janeiro. Mas, quais os empregos criados, se entre os beneficiados por essa política de isenções estão negócios com baixa demanda e oferta de trabalho, como joalherias e montadoras de carros de luxo, ou ainda suspeitíssimos negócios ligados a conhecidos políticos, como cervejarias?

Por isso, vimos denunciar publicamente a situação de descalabro total em que o descaso do Governo do Rio de Janeiro está mergulhando não apenas à UENF, mas também à rede de ensino e hospitais estaduais. Queremos dizer que a crise que vivemos é fruto de uma opção política que beneficia certos negócios, enquanto prejudica órgãos públicos vitais como a UENF e a população que deles depende.

Além de denunciar essa política do governo estadual de precarização do setor público para beneficiar a iniciativa privada, dirigimo-nos à população que nos apoiou com mais de 15.000 assinaturas em um abaixo-assinado em DEFESA DA UENF, não apenas para agradecer o apoio já recebido, mas também para conclamar a todos que continuem apoiando a UENF e a luta em sua defesa. Com isso, temos certeza que alcançaremos dias melhores em nossa busca de consolidar aquilo que Darcy Ribeiro idealizou!”