De acordo com avaliação de equipe da PGR, presidente cometeu crime de advocacia administrativa ao interferir na Polícia Federal.
A equipe de procuradores da Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia que, após a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, já há provas suficientes de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, tentou interferir politicamente na Polícia Federal e cometeu crime de advocacia administrativa. As informações são do jornal O Globo.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. E isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final”, disse Bolsonaro, na reunião.
Segundo os procuradores, a fala do presidente prova inclusive o “dolo” – isto é, a vontade de cometer o crime – algo geralmente raro de se comprovar nesse tipo de caso.
De acordo com o artigo 321 do Código Penal, o crime de advocacia administrativa ocorre quando um agente público tenta “patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário”.
Dois dias depois da reunião, Bolsonaro demitiu o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, desencadeando a saída de Moro do governo e a troca no comando da PF do Rio, onde o senador Flávio Bolsonaro é investigado por ocultação de bens e evolução patrimonial.
A análise dos procuradores será encaminhada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que irá decidir se arquiva o caso ou se apresente denúncia contra Bolsonaro.
Da redação