De norte a sul do estado, a agricultura familiar vem ganhando cada vez mais força e é a maior fornecedora de alimentação para o povo fluminense. Na última década, os avanços obtidos na agricultura local não se referem apenas ao aumento de produtividade, mas, sobretudo, na preservação do ecossistema.
O protagonismo rural ganhou força no contexto do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado neste domingo (05). A agricultura familiar tem sido o caminho mais efetivo para a conquista da sustentabilidade, por meio de boas práticas como proteção do solo, segurança alimentar e produção de água, gerando qualidade de vida no campo e na cidade.
Em São João da Barra, Norte do estado, mais um bom exemplo de conservação do meio ambiente. O produtor Jailson Ribeiro cuida de hortas de maxixe e quiabo. No fim do ano passado, ele deixou de usar adubos químicos e investiu na adubação verde com o plantio de crotalária, espécie de planta leguminosa. Depois de crescida, a crotalária é podada e colocada sobre o solo que vai receber um novo cultivo. Em decomposição, ela facilita a absorção de nitrogênio e melhora a absorção de nutrientes pelos vegetais. “Vejo que a lavoura cresce mais rápido, mais saudável e a crotalária ainda ajuda a espantar os mosquitos da dengue, porque as flores atraem as libélulas, que se alimentam do aedes aegypti “, frisa Ribeiro.
Política pública “verde”
O desenvolvimento sustentável nunca foi tão discutido como atualmemte. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a má qualidade do meio ambiente implica em 23% das mortes em todo o mundo. Por isso, projetos que promovem o equilíbrio ambiental, a exemplo do Rio Rural, têm ganhado importância em todo o mundo
O programa da Secretaria Estadual de Agricultura, executado pela Emater, aposta na assistência técnica e incentivos financeiros para transformar pequenos agricultores em agentes efetivos da preservação ambiental. “Eles são nossos principais aliados em busca da sustentabilidade. Mostramos que a agricultura sustentável é justa, do ponto de vista sócia,l e economicamente viável”, ressalta o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.
Em 2015, o Rio Rural foi um dos programas em destaque na COP 21, a conferência internacional que mobiliza nações para discutir medidas de redução do aquecimento global. Também no ano passado, o programa foi citado em relatório da ONU como experiência bem-sucedida na área de gestão de recursos hídricos e desenvolvimento sustentável.
O Rio Rural é financiado pelo Banco Mundial e atende a 48 mil famílias rurais de 72 municípios. Até 2018, serão mais de US$ 233 milhões investidos em ações de desenvolvimento. .
Produção de água
Um dos resultados mais “palpáveis” do programa é a produção de água, por meio do cercamento de nascentes de água. Quando isolada, a mata ao redor dos chamados “olhos dágua” funciona como esponja, absorvendo água da chuva e reativando a fonte.
O estímulo à produção hídrica ganhou impulso com a campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, lançada em 2010 com a meta de proteger 2.016 nascentes até as Olimpíadas. A adesão foi tão expressiva que mais de 3.120 nascentes já foram protegidas. Na prática, isso representa um volume de água de mais de quatro mil piscinas olímpicas cheias, por ano.
“Quem tinha pouca água, viu a sua fonte ser revitalizada. Sem dúvidas, isso ajudou a minimizar os efeitos da forte estiagem que atingiu o Rio de Janeiro nos últimos três anos”, explica Herval Lopes, gerente técnico estadual de Desenvolvimento Sustentável da Emater-Rio.
Agricultura do Norte e Noroeste em destaque no Green Rio 2016
No último fim de semana a agricultura do Norte e Noroeste do estado ganhou destaque durante o evento da Green Rio / Rio Orgânico de 2016.
Foi apresentado aos visitantes o Projeto Intecral, que vem tornando o interior fluminense mais competitivo e sustentável. O projeto é uma parceria entre o Rio Rural, da Secretaria de Estado de Agricultura, e o Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, prioritariamente em pequenas propriedades rurais
Foram apresentados resultados na recuperação de áreas degradadas no município de Itaocara que assim como os demais municípios dessa região e mesmo do Norte Fluminense, tem extensas áreas rurais com cenário de degradação do solo, reflexo do histórico deixado pela pecuária extensiva e monocultura com a cana de açúcar.