Município de 23 mil habitantes ganhou destaque internacional com obra maior que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Quase 53 mil pessoas já visitaram monumento, que ainda não foi inaugurado.
Por Gustavo Chagas, g1 RS
Apesar de não ter sido oficialmente inaugurada, a estátua do Cristo Protetor de Encantado, no Vale do Taquari, já movimenta o município de 23 mil habitantes a 144 km de Porto Alegre. Na última sexta-feira (22), a escultura foi finalizada pelo artista Markus Moura.
Para um dos integrantes da entidade que idealizou a obra, a fé ajuda a explicar o sucesso turístico do Cristo Protetor. Desde o início da construção, 52,9 mil turistas já foram ao local. Nos últimos dias, com a repercussão do fim do trabalho artístico e a Semana Santa, foram mais de 10 mil visitantes.
“A gente fez a obra do Cristo pautada em três palavras: fé, devoção e gratidão. Só que a obra tomou uma proporção muito grande. Numa época de pandemia, o Cristo veio a somar na fé das pessoas”, diz Robison Gonzatti, vice-presidente da Associação Amigos de Cristo.
Operário trabalha no coração da estátua do Cristo Protetor, em Encantado — Foto: Silvio Avila/AFP
Sem dinheiro público, a obra foi custeada com o dinheiro de doações e trabalho voluntário. A Associação Amigos de Cristo, uma entidade sem fins lucrativos, irá se responsabilizar pela manutenção do complexo e o excedente das doações será doado, segundo o vice-presidente.
Igreja Matriz, no Centro de Encantado — Foto: Prefeitura de Encantado/Divulgação
“Quando instalaram os braços e a cabeça foi um boom mundial. No nosso hotel, a gente recebeu, inclusive, repórter internacional. Mudou muito a nossa realidade”, diz.
Além dos turistas de outros estados e até de fora do país, a presidente da ABAV no RS, Lúcia Bentz, considera que a obra também pode atrair a população do RS.
“Para o próprio gaúcho valorizar e se aproximar das maravilhas que o estado tem, vejo como uma grande possibilidade”, observa.
Vista do Cristo Protetor da janela de hotel em Encantado — Foto: Adriana Rizzi/Arquivo pessoal
“Se tinha algum evento, a gente tinha movimento. Um, dois, até nenhum [hóspede]. Hoje tem uma média de 20 e 30 pessoas”, afirma Adriana.
De uma das janelas do hotel, é possível ver o Cristo Protetor. A proprietária da hospedaria brinca com o sentimento expresso pelo nome da cidade.
“Eu, que moro aqui, vou dizer: me encantei, é de tirar o fôlego.”
A impressão é compartilhada por Robison Gonzatti, da Associação Amigos de Cristo, que cita a frase do ex-prefeito Adroaldo Conzatti, vítima de Covid-19, e um dos entusiastas da obra.
“‘A autoestima, quando compartilhada, é um bem que se multiplica’. A nossa população tem orgulho de dizer que é de Encantado“, comenta.