Rio de Janeiro enfrenta tragédia anunciada, alerta especialista em saneamento e meio ambiente
“Infelizmente o caso de Petrópolis, cidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, é uma tragédia anunciada. O risco de deslizamento é recorrente e precisa receber atenção dos órgãos públicos”, alerta Miguel Alvarenga Fernández y Fernández, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental — Seção Rio de Janeiro (Abes Rio).
A Prefeitura de Petrópolis decretou estado de calamidade pública por conta da forte chuva. Informações da Defesa Civil indicam que o número de mortos chega a 104. Cerca de 80 casas foram atingidas e 372 pessoas estão desabrigadas.
A Abes Rio informa que os órgãos públicos poderiam ter mitigado os efeitos do temporal que ocasionou em mortes. “A chuva intensa, um fenômeno climático que não temos controle, somada aos fatores das ocupações irregulares de solo e a falha na coleta de lixo, resulta nesse colapso do sistema de drenagem”, analisa Fernández.
O cenário, agravado por essa ocupação irregular do terreno, revela as construções urbanas desordenadas que aumentam exponencialmente o volume d’água dos sistemas de drenagem. “Quem reside nesses locais acabam por impermeabilizar o solo e geram escoamento superficial da chuva”, explica Fernández.
Segundo o presidente da Abes Rio, a “situação é catastrófica no Rio”, mas poderia e deveria ser evitada. Quase todo ano a Serra do Rio registra desastres que ocasionam perdas de vidas, danos ambientais irreversíveis, além das perdas de bens materiais.
Em 2011, o Estado também enfrentou uma calamidade nessa região, com 21 mil pessoas desabrigadas, desaparecidos e mortos. Por isso, Fernández defende que haja um planejamento “preventivo da prefeitura em relação a regularização fundiária podem evitar que as áreas de risco sejam ocupadas”.
Para Fernández, “as autoridades precisam priorizar uma coleta de resíduos mais assertiva, assim como a manutenção periódica dos sistemas de drenagem”. Somente assim evitaríamos desastres como o de Petrópolis, que não podem receber a chancela de inesperado.
“Tragédias ambientais não podem ser tratadas com naturalidade, como algo recorrente. Precisamos de ações efetivas e energéticas quanto ao recolhimento do lixo e manutenção dos sistemas de drenagem para mitigar os impactos dos temporais”, reforça Fernández.
Atenção: Miguel Alvarenga Fernández y Fernández é engenheiro civil está disponível para entrevista. Miguel é mestre em Engenharia Urbana, engenheiro Civil-Hidráulico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), professor do curso Engenharia Civil do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ) e presidente da Abes Rio.