A gestão de riscos no âmbito da transformação digital
*Por Marcos de Araújo
Estudo recente da KPMG, produzido neste ano, enfatiza os riscos relativos a esse novo universo digital, envolvendo as definições e investimentos na tecnologia de comunicação 5G, o marketing orientado por dados e as tendências no uso da inteligência artificial. A esse contexto, soma-se a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que gera um forte impacto no controle e organização dos dados pessoais, além de critérios rígidos de segurança cibernética.
Há diversas estimativas para os investimentos em digitalização dos negócios – item apontado como prioridade máxima para 23% das empresas brasileiras, de acordo com publicação da revista Exame de fevereiro. Para especialistas, tais recursos podem atingir a cifra global de 150 trilhões de dólares nos próximos quatro anos. Apesar do avanço, as tecnologias associadas à transformação digital ainda são consideradas emergentes e, somente em 2017, foram elevadas pelo Fórum Econômico Mundial ao mesmo nível dos quatro grandes fatores de riscos globais, a saber: ambiental, geopolítico, social e econômico.
Nesse cenário, as companhias precisam desenvolver iniciativas capazes de reduzir possíveis prejuízos operacionais. Para tanto, é fundamental investir no aprimoramento das capacidades de identificação, avaliação e estabelecimento de respostas a riscos, minimizando a probabilidade de materialização. Tal tipo de verificação deve ocorrer continuamente, para que ações corretivas possam ser tomadas rapidamente. Dessa forma, problemas podem ser evitados e transtornos como o não atendimento de clientes, o desalinhamento estratégico e o consumo de recursos para correções podem ser minimizados.
É a partir deste ponto que a gestão de riscos se torna indispensável para os negócios, como parte essencial dos processos que propõem a construção de soluções tecnológicas e dos pilares da transformação digital nas organizações. Devidamente inserido aos ciclos de desenvolvimento de programas e projetos e ao desenvolvimento de soluções digitais, o controle das ameaças tecnológicas pode adicionar valor, ampliar a visão nas tratativas com os clientes, gerar economias e evitar perdas, trazendo vigor corporativo e aumento dos benefícios advindos de ativos digitais.
A gestão de riscos deve ser vista como habilitadora do alto desempenho organizacional que permite a geração de valor e a diferenciação competitiva no mercado. Todavia, a fim de maximizar os investimentos, é fundamental equilibrar as metas de crescimento com o retorno dos investimentos e dos riscos associados. Adotar instrumentos de análise e realizar medição dos processos, com métodos e ferramentas para utilização dos ativos digitais, são iniciativas importantes para o aproveitamento de oportunidades e a redução de prejuízos, otimizando, assim, o uso do capital.
O maior gargalo, aqui, está nas questões relacionadas à experiência do usuário. O desafio consiste em equilibrar agilidade, testando e experimentando o mercado, com o gerenciamento adequado dos riscos, utilizando cuidados e metodologia adequados. Se a exposição a novos riscos é inevitável, a melhor maneira de tratá-los, nesse novo contexto de aceleração dos negócios provocada pelos insumos digitais, passa pelo cuidado em capacitação técnica, respeito às leis e regulamentos, adequada infraestrutura e adoção de um conjunto de práticas robustas para o desenvolvimento das soluções digitais.
É imprescindível desenvolver uma rotina executiva para a gestão de riscos empresariais inerentes à transformação digital. Toda organização que deseja ser perene e sustentável ao longo do tempo vai precisar investir nestas ações. Resta aos gestores, líderes de transformação digital e profissionais de tecnologia obter claro entendimento desta intrincada e importante agenda para efetivamente auxiliar as diversas áreas. Assim, unidos, os setores de gestão de riscos, tecnologia e negócios podem eliminar a existência de possíveis ruídos, alcançando resultados sustentáveis de forma efetiva nesse atual e turbulento cenário.
*Marcos de Araújo é sócio-diretor de gerenciamento de riscos para soluções digitais e tecnologia da informação da KPMG
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