Impulsionadas pelo mercado digital, empresas brasileiras movimentam fusões e aquisições

Especialistas explicam projeções de novo recorde e apontam tendências

Durante o primeiro semestre de 2021, grandes operações de fusões e aquisições realizadas entre empresas brasileiras somaram mais de U﹩ 52,1 bilhões. Os dados são de uma consultoria que coleta informações do mercado financeiro e apontam que o montante até aqui já superou o valor de todo o ano passado, de US﹩ 45,9 bilhões. Como a tendência é que essa movimentação continue forte durante o decorrer do segundo semestre, tudo indica que os dados do ano apresentem novo recorde.

Sobre os motivos que levaram a essa alta expressiva bem no meio da pandemia, estão o acesso por novas empresas ao mercado de capitais ou a operações de investidores estratégicos e institucionais, além da explosão das operações digitais e das soluções que delas derivam.

Segundo George Bonfim, advogado especialista em Direito Digital, Societário, Fusões e Aquisições e Proteção de Dados do escritório Natal & Manssur, o mercado vive um momento de movimentação e consolidação, envolvendo grandes grupos, que buscam tanto ampliar o seu escopo de atuação, como reunir o know-how de empresas menores que atuam em determinados mercados de nicho.

“Como exemplo, temos as recentes operações realizadas pelo Magazine Luiza, que adquiriu a plataforma de multimídia Jovem Nerd – ampliando seu segmento de atuação para o mercado de produtos destinados a consumidores nerd e geek – e a empresa de comércio eletrônico Kabum!, a maior plataforma de e-commerce de itens de tecnologia e games do país, além de ser pioneira na criação de equipes de e-sports de jogos como League of Legends, Counter Strike, Free Fire e FIFA”, detalha.

Segundo Bonfim, esse movimento atual no Brasil já está mais amadurecido em outros mercados, notadamente nos Estados Unidos, com grandes conglomerados no controle de inúmeras empresas e ramos de atuação, expandindo ainda mais o seu mercado inicial. O especialista cita o caso da Amazon, que na década de 90 tinha uma promissora operação de venda de livros pela Internet e hoje atua em quase todas as áreas, incluindo sua plataforma de vídeo por demanda.

Na percepção de Marcelo Godke, especialista em Direito Empresarial e Societário, professor do Insper e da FAAP e sócio do escritório Godke Advogados, o forte movimento registrado aponta uma ênfase para o comércio eletrônico, que hoje tem uma importância muito grande na nossa economia.

“A impressão que eu tenho é que esse movimento, que aconteceria naturalmente ao longo de alguns anos, foi antecipado por causa da pandemia. O foco é o comércio eletrônico, mas operações de empresas que permitam que a gente faça pela internet coisas que a gente fazia antes pessoalmente ou por meio de papel, passaram a ter uma importância muito maior. Então, além de a economia estar se reaquecendo, a gente percebe uma busca por esse tipo de alvo e tudo indica que é um movimento que não vai parar tão cedo”, acredita Godke.

PERFIS DAS FONTES

George Bonfim – especialista em Direito Digital, Societário, Fusões e Aquisições, Mercado de capitais, Propriedade Intelectual, Proteção de Dados e Inovação do escritório Natal & Manssur. Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pós-graduando no LL.M. – Master of Laws em Direito Societário no Insper.

Marcelo Godke – especialista em Direito Empresarial e Societário e sócio do escritório Godke Advogados – bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos, especialista em Direito dos Contratos pelo Ceu Law School. Professor do Insper e da Faap, mestre em Direito pela Columbia University School of Law e sócio do Godke Advogados. Doutorando pela Universiteit Tilburg (Holanda) e Doutorando em Direito pela USP (Brasil).